AUTORA CHIRLEI WANDEKOKEN
CAPÍTULOS BÔNUS - A ESTRANHEIRA
EDITORA PEDRAZUL
CHIRLEI WANDEKOKEN
Os Condes de
Alnwick Castle
Capítulos
extras de A Estrangeira
Prólogo
O
nascimento do herdeiro
Alnwick, transição de 1361 a 1362.
O jovem
primeiro conde de Northumberland, lorde Howard, caminhava a passos largos, de
um lado para outro, no grande salão cujo chão era coberto por uma paliçada. Às
vezes uma palhiça prendia-se às suas botas, e ele a chutava atingindo um dos
muitos cães deitados em frente à enorme lareira, que naquele momento crepitava
um fogo aconchegante. Estava apreensivo. Havia horas que a condessa, sua
esposa, entrara em trabalho de parto e a situação dela piorava a cada minuto.
Nunca chegara
a amá-la, fora um casamento arranjado por seu pai para fortalecer o clã Percy
contra o clã escocês Douglas, mas ela era sua prima, uma Mortimer, e ele
tinha-lhe pelo menos carinho e respeito. Ele tivera que escolher entre ela e a
prima Neville, e esta última era ainda mais – lorde Howard não desejava ser
deselegante, pois ele era um cavalheiro, mas a prima Neville não o atraía de
forma alguma. Portanto, optara por Annabelle.
Ouviu-se um
choro forte de uma criança, quase um urro de um guerreiro.
–
Nasceu! – alguém gritou. Ele correu escada acima para ser interceptado no
corredor pela governanta.
– Sim,
milorde, a criança está bem, é um menino, mas a curandeira está tentando salvar
a vida da condessa com a ajuda da parteira.
O choque foi
grande, ele deixou-se recostar na rústica parede maciça de oito a dez pés de
espessura e enregelou. Sentiu um frio perpassar seu corpo dos pés à cabeça,
resfriando-o tanto quanto a temperatura gelada do Norte. Intuiu que o segundo
herdeiro do título, Henry Percy, cresceria sem sua mãe biológica.
E assim aconteceu.
Alnwick
Castle, que fora construído com a aprovação do rei, que queria garantir uma
fortificação contra os escoceses, era imenso. Descendentes dos normandos, o
castelo fora construído como uma obra de arte. Era uma época turbulenta e
insegura e a defesa era uma necessidade para se manter vivo. Alnwick Castle,
portanto, fora construído em cima de um grande montículo artificial de pedra e
era cercado por um fosso profundo. No interior dele havia vários edifícios para
que as pessoas que trabalhavam no castelo morassem, incluindo estábulos, locais
de armazenamento de alimentos, padarias, cozinhas, e moradias para os soldados.
E lorde Howard possuía o maior exército de todos os nobres da Inglaterra. Era
invejado por isso, mas também temido. No dia da morte da condessa, portanto,
todos ouviram o grito do conde, pois ele lamentou sua morte. O urro dado por
ele e o choro do herdeiro foram ouvidos longe. Conta-se que até na vila de
Alnwick algumas pessoas ouviram e contaram uma para as outras que o conde havia
amado, de fato, sua esposa e que pranteara por ela. Sendo assim, o jovem Sir
Percy crescera com a imagem de que nascera de um grande amor.
Muitos anos se
passaram e lorde Howard sofria grande pressão da família para que escolhesse
uma nova esposa entre os clãs Neville ou Mortimer e ele se negava, pois nenhuma
das primas era, digamos, atraente aos seus olhos. O lorde, com 31 anos, era um
belo homem. Tinha o sangue normando dos Northumberland e era sabido por
qualquer um, fosse homem ou mulher, que cada um que nascesse daquela família
herdaria uma beleza singular. Eles tinham os olhos de uma cor que iam do azul
mais límpido ao verde mais escuro. Eram guerreiros, tinham altura e o porte dos
gladiadores; eram determinados, valentes
e temidos, visto que o menino Percy, ainda um adolescente, já recebera a
alcunha de lorde Hotspur. Era imperioso e nenhum dos preceptores conseguia
domar aquele temperamento impetuoso.
Foi quando o
conde a viu. Uma escocesa recém-chegada nas imediações de Alnwick. Ela estava
amarrada e era arrastada pelo velho Evans.
– Amarrada? –
lorde Howard perguntou ao seu escudeiro, pois não queria acreditar que
estivesse presenciando tamanha crueldade.
– Sim,
milorde. Ela está amarrada.
– Solte-a
imediatamente e mande prender o maldito velho na masmorra do castelo – ordenou
o conde.
– Mas com qual
acusação, milorde?
– Estou
ordenando. E leve a moça para Alnwick Castle agora.
Os
Evans não eram nobres, mas pertenciam a uma família aristocrática no Norte da
Inglaterra. Não viviam sob o domínio do conde de Northumberland, mas certamente
não iriam contra ele. O conde de Northumberland era amigo pessoal do rei e
nenhuma família queria ter como inimigo tão importante senhorio. De forma que a
escocesa de cabelos vermelhos, olhos azuis e rosto salpicado de sardas, fora
levada ao castelo e à presença do conde. O encontro aconteceu no hall do castelo e ela, tímida, mal
ousava levantar seu olhar.
– Como se chama?
– lorde Howard tentou dar à sua voz uma doçura que, para aquele timbre forte
como trovão, saiu singular. Ele tentou novamente, pois temia assustar a moça
que já estava deveras assustada. Percebeu que os pulsos dela estavam feridos.
– Meu nome é
Howard, não lhe farei mal. Vejo que está ferida. Vou chamar Mrs. Mercer, a
governanta, para que trate de seus ferimentos. Também lhe arrumarei um quarto.
Aqui estará segura, ninguém lhe fará mal. Dou-lhe a minha palavra.
– Quem é o
senhor? – ela balbuciou e ousou erguer seus olhos. Naquele instante eles se
entreolharam. Ela, por alguma razão ou por algo que tenha visto, não conseguiu
tirar os olhos dos dele. Ele, talvez pela mesma razão, tampouco: – Chamo-me
Henry Howard, sou o senhor deste castelo – ele respondeu sem qualquer tipo de
afetação.
– Sou Mhairi,
da Escócia.
– Por que está
aqui?
– Porque
aquele homem raptou-me.
– E onde está
a sua família? Onde eles moram? Eu a levarei de volta.
– Não posso.
Eu não tenho família.
– Como não tem
uma família? Todos nós temos uma, boa ou má – o lorde riu, um riso doce, e ela
sorriu também. Ficaram olhando-se por longos minutos, ele segurando as mãos
dela para mostrar-lhe os ferimentos que a corda fizera em tão alvos pulsos.
– Minha mãe
é... – ela hesitou. Olhou para ele e corou.
– Conte-me.
Não fará diferença – ele respondeu.
– Minha mãe é
uma mulher da vida...
– Entendi.
Então ficará aqui. Vou chamar a governanta para cuidar de seus ferimentos e
arrumar-lhe roupas limpas para vestir.
Há muito,
lorde Howard não era mexido por uma
mulher. Tocado profundamente, e aquela escocesa sem família, sem nome e filha
de uma “mulher da vida” tinha aguilhoado seu coração. Mas os Evans não
deixariam as coisas seguirem tão facilmente.
Os Evans, pai
e filho – este último que já conhecia a linda jovem de uma Casa de Moças, próxima ao priorado de Whithorn, no vilarejo de
Moray, na Escócia – apaixonado por ela, pediu ao pai que a raptasse para ele.
Pois, embora fosse filha de prostituta, a jovem era virgem e intocada. Quando
Sir Evans soube que o conde de Northumberland tinha atravessado seu caminho e roubado seu prêmio para ele, tratou de conspirar contra o conde. Enviou uma
carta ao rei Edward III, dizendo que o conde – que fora
casado com uma Mortimer e tinha um herdeiro com esse sangue –, família de
origem francesa a quem os Evans sabiam que o rei odiava. Acontece que Roger
Mortimer fora amante de Isabella, a mãe do rei, e ambos tinham deposto Edward
II, e governado como regentes durante três anos, até que Edward III se
rebelasse e mandasse enforcar Mortimer. Portanto, Sir Evans, aproveitou-se
desse motivo para incitar a ira do rei contra o conde de Northumberland.
Assim que o rei recebeu aquela estranha carta, pois Edward
III temia o exército de Northumberland, mandou chamar lorde Howard ao
palácio. Entretanto, enquanto lorde Howard estava a caminho de Londres, levando
grande parte de seu exército, os Evans, usando um traidor de dentro do castelo,
invadiram Alnwick, soltaram o velho Evans, e raptaram Mhairi.
Edward III era um rei popular e acessível, porém, quis ouvir
do conde de Northumberland por que ele tinha raptado a moça e traído o
clã Neville, pois era sabido que o lorde ela noivo de uma Neville e o rei
aprovava aquela união. Portanto, o rei, que era um
homem temperamental, ordenou que a moça fosse devolvida aos Evans. Contudo,
lorde Howard não era homem de ceder tão facilmente. Disse ao rei que os
Evans tinham raptado a moça e que aquele gesto poderia suscitar uma guerra
entre Inglaterra e Escócia. O lorde omitiu que a moça
não tinha família e que era filha de uma prostituta.
– Majestade, estamos
vivendo momentos tensos. Sabe o que seus súditos andam dizendo por causa da
obra PiersPloughman, de
William Langland.[1] Acusam a
nação de desigualdade social e injustiça. O que os Evans fizeram foi desumano.
Amarraram a moça e arrastaram-na pelas ruas como um animal. Sou o senhor
daquelas terras. O povo esperava alguma reação de mim. Isso pode suscitar uma
rebelião. Meus homens não vão lutar por causa de uma
dama. Meu exército está pronto para a guerra... – o rei fez sinal para que ele
se calasse, pois também era capaz de uma clemência incomum e ele era, de muitas maneiras, um rei convencional cujo
principal interesse era a guerra, mas uma guerra na qual ele pudesse ganhar
alguma riqueza e tinha pavor da palavra “rebelião”. O primeiro conde de Northumberland,
portanto, saiu da presença do rei mais uma vez vitorioso. Mas ele não esperava
que os Evans tivessem sido tão ousados. Ele se vingaria, mataria o traidor e
traria Mhairi de volta. Enviou seu exército à frente na captura do ignóbil
padeiro, pois fora descoberto que ele traíra a confiança do conde.
O
velho Sir Evans pretendia fazer da moça sua amante, mas sua mulher a vigiava
dia e noite. Mhairi, que tinha se apaixonado pelo conde pensava dia e noite
numa forma de escapar daquela casa, casa a qual o velho Evans e o novo eram
ordinários. Ela os odiava. Certa vez, enquanto dormia, ela ouviu um estalido
nas tábuas do assoalho. Escondeu-se atrás da porta e estava armada com a trava
da janela. Quando um vulto formou-se à sua frente, ela atacou com toda a sua
força, e fugiu. Correu o máximo que pôde em direção à venda da vila, o local
mais perto onde ela podia se esconder. Bateu na porta dos fundos e um rapaz veio
atender. Este a reconheceu imediatamente e pediu que entrasse.
– Chamo-me Derrick.
Vi quando o velho Evans lhe trouxe.
– Pode dar-me
abrigo por uma noite? Ele quer me... – ela hesitou, corada.
– Sim, pode
ficar em meu quarto. Aqui estará segura.
– Pode mandar
entregar este bilhete ao lorde do castelo? – o jovem Derrick hesitou, pois também estava apaixonado por ela. Mas ele temia o
conde de Northumberland, por isso disse que ele mesmo levaria e lhe
entregaria em mãos. A pobre jovem, então, depositou nas mãos do seu salvador as poucas linhas que conseguira
escrever no pedaço de velino[2]
que encontrara. Raspara-o para poder reaproveitá-lo. No vitelo só tinha uma
frase:
“Se me salvar eu serei sua para sempre!
Mhairi”
Quando a
comitiva de lorde Howard entrou no vilarejo de Alnwick, o jovem Derrick, tremendo, interceptou o enorme garanhão do
conde:
– Milorde. Perdão. Tenho algo para entregar-lhe.
O conde freou
seu cavalo quase atropelando o jovem.
– O que foi? Tem que ser algo muito importante para
você quase se matar dessa forma, rapaz – respondeu o lorde.
– Sim, milorde. É isto – e entregou-lhe o vitelo de Mhairi.
Quando o conde leu, seu semblante mudou imediatamente. Seus olhos crisparam.
– Onde ela está? – bradou e toda a vila o ouviu.
– Na minha casa, milorde.
***
Mhairi tinha
perdido as contas de quantos dias já tinham viajado. Ele a colocara à sua
frente no cavalo e enrolara-a em seu manto. Ela sentia seu corpo colado ao
dela, sentia seu cheiro másculo e a respiração dele em seus cabelos. Ela dormia
com seu rosto colado em seu largo peito e acordava com ele lhe beijando sua
face.
– Para onde
estamos indo? – ela perguntou certa hora.
– Para uma
propriedade que tenho longe daqui, em Hampshire. Lá ninguém a encontrará.
Somente eu. Lá você será só minha. Não foi isso que prometeu em seu bilhete?
Ele a desceu
do cavalo, pediu que seus homens fossem à frente, e beijou-a. Para ela fora seu
primeiro beijo; para ele, o único até então com amor.
– Você será
minha, só minha, farei de você minha mulher hoje ainda. É isso que deseja?
– Com toda a
minha alma, milorde.
Chegaram à
gruta naquela mesma noite. Não havia casa, apenas um mundaréu de terras sem
nenhum cultivo, matas, bichos ferozes, mas foi ali que Mhairi conheceu o amor.
Lorde Howard foi paciente, ensinou-a, preparou-a, e amou-a incontáveis vezes.
Aquela rústica e inóspita gruta transformou-se no templo mais luxuoso da terra, no mais aconchegante aposento, pois
seus corpos estavam onde queriam estar, um encaixado ao outro.
Tarde da
noite, ele acordou com ela lhe acariciando as costas.
– O que foi,
meu amor? – ele perguntou. – Não consegue dormir?
– Não –
respondeuMhairi, timidamente.
– O que quer
fazer então? Diga? Quer conversar?
– Eu... eu...
queria... que... fizesse – ela parou, e pela luz que incidia da fogueira ele
viu que ela estava corada.
– Fale, meu
amor. Não tenha vergonha. Peça o que quiser. Eu sou o seu homem e você é a
minha mulher. Não deve haver vergonha entre nós.
– Eu... queria
que fizesse aquilo de novo – por fim, ela falou, mas estava rubra. Ele sorriu e
beijou-a apaixonadamente. Estava encantado com aquela moça ardente.
– Aquilo o
quê? Seja mais clara.
– Aquilo que
você fez, você sabe.
– Linda, fiz
amor com você várias vezes e de todas as formas. Precisa me dizer qual delas
gostou mais e farei. Olha como você me deixa – ele levou a mão dela à sua
masculinidade.
Ela corou
novamente.
– Amo quando
enrubesce, pois embora seja ousada ainda possui a ingenuidade das virgens.
– Eu queria
que colocasse a boca aqui – ela apontou para sua intimidade, e depois para seus
seios, e depois para seus ouvidos – e dissesse àquelas palavras que me disse.
Assim ele o
fez, mas antes a beijou com a fome dos apaixonados, depois desceu lentamente
até seus redondos seios, sempre dizendo-lhe que ele a queria, que a amava, que
era louco por ela, que a quisera desde a primeira vez em que colocara seus
olhos sobre ela. Descrevia o que faria com ela, afirmava que ela era só dele,
que somente ele a possuiria, de todas as formas que ele desejasse. Com seus
braços fortes virou-a e colocou-a na posição a qual as chamas da fogueira
evidenciassem sua lombar, iluminando os montes arredondados pelos quais ele
estava louco de paixão. Puxou-a para ele com força, aproximou-se com longos
beijos, aumentando as carícias à medida que ela gritava de prazer. E ali ela
podia gritar, pois não havia sequer uma viva alma humana, além deles, para
presenciar aquele ato de tamanha intimidade. E ele deu-lhe razão para que
gemesse. Quando ela não mais suportava tamanha tortura, ele a possuiu, não da
forma que ela esperava, mas mostrou-lhe outra forma de fazer amor, uma forma
ousada, que somente os amantes apaixonados enveredam por ela, pois requer total
intimidade e sintonia. Ela, surpresa, porém ensinada e conduzida por ele, teve
o seu gozo mais profundo, perguntando-se o que mais aquele experiente homem lhe
ensinaria.
Mas
quando a felicidade é demais, os seres viventes podem saber que antecede uma
terrível tristeza. A natureza parece que conspira, que inveja, que sobrepuja a
alegria alheia. E foi assim que aconteceu. Uma carta do rei alcançou lorde
Howard dizendo de quem aquela moça era filha e se o rei tivesse dito que ela
era filha do diabo teria sido melhor para o conde. Mas Mhairi era a bastarda do
pior inimigo dos Northumberland, filha do conde de Douglas, e a notícia já se
espalhara por toda a Inglaterra. Se somente ele tivesse ficado sabendo de tão
grande tragédia, ele subjugaria o ancestral ódio e se casaria com ela. Contudo,
o rei, e principalmente os Neville, o barão, seu tio, exigiam que ele largasse
aquela “filha de prostituta” e ainda por cima uma Douglas e se cassasse com
Margaret Neville, a prima que aguardava por ele.
Com
o coração partido, pressionado, ele se refugiou em Londres e não recebia
ninguém. Queria pensar. Aquela contenda já havia durado tempo demais e ele
amava Mhairi. Antes, cuidou para que ela voltasse em segurança para Alnwick
Castle e disse a ela que esperasse pelo seu retorno, pois ele tomaria uma
decisão. Entretanto, ele demorou tempo demais para decidir; tempo que os
Neville tiveram de sobra para arquitetar um plano e sabotar o retorno de lorde
Howard ao Norte. Ele foi enviado pelo rei numa missão a Portugal para tentar
uma aliança Anglo-Portuguesa. Quando ele retornou, decidido a se casar com
Mhairi, pois a saudade o consumira dia e noite, ela já havia se casado com Sir
Evans e estava grávida.
Mais uma vez a
tradição e o ódio venceram o amor.
Foram os meses
mais difíceis da vida de lorde Howard. Mal comia, mal saía de casa, não
cavalgava mais e nem ao seu filho ele dava atenção. Sua tristeza culminou com a
morte de Mhairi no nascimento de uma menina que ele sabia que era dele, ou que
tinha grande probabilidade de ele ser o pai. Mas a família jamais deixou que
ele a visse, embora tivesse tentado. Por fim, pensou no que adiantaria, o seu
amor tinha morrido por causa da sua covardia e olhar para aquela criança apenas
lhe lembraria que ele fora um fraco. Mas mesmo assim, ele monitorara o seu
crescimento em Londres, em Paris. Para onde a marquesa viúva de Queensberry levava a criança, lá estava um espião do
conde de Northumberland.
Mas,
desiludido, pressionado, ele se casa com Margaret Neville, sua prima, que logo
engravida e nasce seu segundo filho, Ralph Percy: um alento à sua tristeza.
Capítulo I
O destino prega uma peça
Alnwick,
agosto de 1388.
Quando ele viu
aquela jovem era como se tivesse vendo Mhairi. Não podia ser, ele sabia, Mhairi
estava morta havia muitos anos. Mas ele sabia quem ela era. Havia alguns anos
que deixara de persegui-la pela Europa, tinha achado melhor deixar que ela
pensasse que era filha de Sir Evans. Do que adiantaria ela saber que ele podia
ser seu pai? E ele também não tinha certeza. Desconfiava, pois era a única
razão para Mhairi não ter esperado por ele. Por
que não escrevi para ela? Ele lamentava todos os dias. Mas fora um tolo
orgulhoso. Deixara que um sobrenome interferisse entre seu amor por ela. E
agora ela – a filha de Mhairi – estava ali em Alnwick Castle e com seu herdeiro. E o que ele estava vendo nos olhos daqueles dois jovens? Não! Eles não
podem se apaixonar. Como fazer para contar a verdade para o filho? Talvez
ele estivesse vendo coisas. Podia ser somente uma jovem à procura de um bom
tratador de cavalos, pois isso, seu filho era.
Mas quando há
algo proibido, a vida dá voltas, salta muralhas, montes, transporta fronteiras,
oceanos, mas faz o desejo crescer. E cresceu. Como ele temia, seu filho queria
casar-se com sua própria irmã. Ele teria que agir. Enquanto Sir Percy foi em
busca do padre para realizar a cerimônia de casamento, o conde agiu. Mandou que
Miss Evans, a filha dele com seu grande amor, fosse raptada e levada para
Hampshire. Lá, Sir Percy não a encontraria. Ele estaria evitando um incesto.
Depois contaria para seu impetuoso filho o motivo pelo qual ele não podia se
casar com Miss Evans. Mas seria uma dura e difícil conversa, ele tinha que se
preparar antes.
Ela a viu descer a escadaria cabisbaixa e caminhar
para a saída de Alnwick Castle. De cada lado, dois de seus guerreiros cercavam-na. No
pátio do castelo, vários outros de seus homens estavam a postos em suas
montarias, e ao lado deles, outros animais com provisões, munição e a égua da
moça. Ele, da janela, com o coração apertado, viu quando ela se aproximou e
chorou abraçada a égua. O que se passa em
sua mente?
Foi lhe dado um animal para que montasse, pois sua égua ainda não tinha
forças para carregá-la na longa jornada. Quando ela montou, o conde ficou
chocado, pois ela o encarou. Ele estava na janela e também olhava para ela. Estava
muito triste. Era como se perdesse novamente a sua Mhairi. Revivera o momento
em que Mhairi fora embora de Hampshire. Viu os mesmos ombros decaídos da mãe e
chorou pelas duas. Viu que ela também chorava e quis morrer naquele momento,
pois vira nela uma profunda tristeza, sua alma certamente chorava, e o seu
rosto estava molhado pelas lágrimas. Naquele instante ele teve vontade de
atirar em sua própria cabeça. Maldita escolha que fizera para que fizesse
sofrer Mhairi e agora a filha de sua amada, talvez sua própria filha. E que dor
traria ao seu próprio filho.
Entretanto,
após sobreviver a dura batalha de Otterbourne, em Hampshire, batalha a qual ele
achou que perderia seus dois filhos para um maldito Douglas, ele tivera que
contar toda a verdade a Sir Percy. Mas seu filho lhe dissera que já tinha feito
da moça, sua mulher. O que ele poderia
fazer? Abençoou, pois pelo menos seu filho dormiria todos os dias com a
mulher que ele amava, coisa que jamais acontecera com ele. Se ele pudesse tirar
uma lição disso tudo, se pudesse ter de volta uma segunda chance, ele viveria o
amor apesar de todas as imposições, fossem elas da família, de dogmas, de
estigmas, de preconceitos, pois não há felicidade sem afeto. Sem amor, a vida
passa, mas não brilha. Que meu filho e minha
filha sejam felizes! Que a Providencia me perdoe, os perdoe!
***
Henry Howard
amanhecera cansado demais naquele dia. Um tipo de cansaço anormal, mas tinha
que ir para Londres, uma viagem extenuante de quatro dias. Por mais que ele
tentasse levantar-se, seu corpo não o obedecia, embora sua mente estivesse
vívida.
– Eu preciso ir ao Magnum
Concilium. Tenho que sair dessa cama, maldição! O que está
acontecendo comigo? Que maldito sono dos infernos é este?
– Você não
vai, meu amor – disse uma voz que ele jamais
esquecera. O mesmo timbre doce e anasalada. Voltei
a dormir, maldição, estou sonhando com ela de novo. Não quero acordar, preciso
ver sua face, há tempos não consigo preencher todos os contornos. Abriu os
olhos para vê-la em sonho, mas ciente de que estava atrasado para o encontro
com o rei.
– Preciso
levantar-me. Tenho que partir imediatamente para Londres, senão o rei ficará
furioso. Ele já me teme por causa do meu exército, não posso dar mais motivo
para esse temor.
– Eu sei, meu
querido, que apenas
os escolhidos do rei fazem parte desse Grande Conselho. Mas ele terá que substituir seu melhor homem agora –
disse a voz ainda sem rosto. Foi quando ele a viu à sua frente. Linda, toda de
branco.
– Mhairi,
Mhairi, meu amor! O que faz aqui? Nunca em nenhum dos meus sonhos eu a vi com
tanta nitidez. Logo agora que estou atrasado...
– Não se
preocupe, meu amor. Não há contagem de tempo agora, não há compromissos.
– Como assim?
Do que está falando? Onde estamos? Este não é o meu quarto. Meu Deus! Que sonho
mais bizarro! Estamos na gruta em Hampshire. Mas não estou sonhando, estou
acordado, tenho certeza disso. Como consegui chegar aqui tão rápido?
– Eu o trouxe,
meu amor. Esperei por você por longos anos, mas agora temos toda a eternidade.
– Então eu...
eu... morri?
– Morrer é uma
palavra muito dura, meu amor. Você dormiu e passou para outra dimensão. Nossa
alma jamais morre.
– É um sonho
então e logo a minha triste vida sem você voltará?
– Jamais
voltará, meu amor. Venha! Nossa história começa agora. Jamais ninguém nos
separará.
– Mas eu não
compreendo,Mhairi. Onde está o céu e o inferno que o pároco tanto falava? Sei
que não mereço o céu, pois errei demais, mas onde está o...
– Meu querido,
este é o nosso céu! Olhe! Não foi aqui que fomos mais felizes? O céu é
diferente para as pessoas, pois o que faz uma pessoa feliz não é a mesma coisa
que faz a outra. Seria injusto se todos nós fôssemos morar em “ruas de ouro”,
não acha? Ruas de ouro não me atraem, mas essa rústica gruta com a pessoa que
eu mais amei na vida é o céu para mim.
– Oh, Mhairi!
Meu amor, minha vida. Para mim, o céu é estar com você em qualquer lugar. Sim,
essa gruta é o nosso céu e sempre será.
– E para
sempre, meu amor! Eu te amo!
Capítulo II
A história de Henry Percy e Izabele Douglas
Alnwick,
1808.
Henry Percy, o
oitavo conde de Northumberland que herdara o nome dos seus ancestrais condes
medievais, sobressaltou-se:
– O que está
dizendo, Baker? Izabele está aqui?
– Sim,
milorde. A Douglas, a minha filha e aquele padre que agora é monge estão a
caminho da Escócia agora.
– Como soube?
– Jessie me
mandou uma nota dizendo que estão a caminho da igreja deDalkeith. Os pais de lady Izabele morreram com um ou
dois dias de diferença, uma tragédia, mas lady Izabele ainda não sabe. Pensa
que estão apenas doentes. Eu mesmo escrevi para Jess contando da doença deles.
A lady precisava saber, milorde.
– Sim, ela
precisava saber... – disse o conde, pensativo. – Baker, prepare a carruagem.
Vamos para Dalkeith agora.
– Sim,
milorde.
De longe,
Izabele reconheceu o emblema dos Northumberland na carruagem que acabara de
chegar às imediações da igreja. O cemitério ficava ao lado. Havia acabado de
enterrar seus pais e contra todos os protocolos fora ao sepultamento. Os
cavalheiros a olhavam com olhos acusatórios, mas aquela seria a última
oportunidade de ver os rostos deles, embora estivessem sem vida. Há muito
deixara de cumprir formalidades. Fora praticamente escorraçada da Inglaterra
por lorde Neville porque estava grávida de Henry Percy e agora ele estava ali,
caminhando em sua direção.
Nove anos
tinham se passado e ele nada mudara. E ela? Com certeza tinha mudado. A
tristeza envelhece como o sol sobre a fruta. E ela tivera longos anos de
sofrimento. Prometera nunca mais pensar nele, embora sua mente tampouco lhe
obedecesse.
Muitos
cavalheiros já tinham ido embora, mas o pároco, seu filho, e alguns, ainda
continuavam ali olhando para ela e para o conde que vinha em sua direção. Ele
não disse uma só palavra. Ela sentiu aquela mão que ela tanto conhecia e amava
– amava? Que Deus tivesse misericórdia de
sua alma, ela ainda era louca por ele –, puxando-a em direção à carruagem.
Não eram necessárias palavras. Eram duas almas que há muito ansiavam pela
outra, dois corpos que se conheciam e tinham fome um do outro. As cortinas
foram fechadas, ele a tomou nos braços, o beijo foi avassalador, ele a beijava
ao mesmo tempo em que a despia e sentava-a sobre seu corpo pulsante. A
penetração fora rápida, esfomeada, murmurada, gemida, gritada: – Vida – ele
gemeu em seus ouvidos. – Sempre a amei.
O gozo dela
veio acompanhado de um soluço. Choro, lágrimas, mãos agarradas ao pescoço dele
e rosto enterrado em seu peito.
– Eu jamais
teria me casado se soubesse. Jamais perdoarei lorde Neville. Baker me contou tudo
depois. Por que não deixou seu endereço quando foi para Prússia, meu amor? Meu
Deus! Rodei aquele maldito país por muitos anos e não te encontrei. Poderíamos
ter fugido. Só voltei porque meu herdeiro nasceu. Conte-me, meu amor, e a
criança que esperava? Onde está meu filho?
Izabele
começou a chorar novamente, um choro contido, mas dolorido.
– Eu queria
tê-lo tido, mas... – ela recomeçou a chorar. Os soluços eram audíveis de longe.
– Eu o
perdi...
– Shi, não
chore, estou aqui. Podemos recomeçar agora. Teremos novos filhos, vários. Vamos
embora para a Índia. Lá ninguém nos reconhecerá. Seremos apenas você e eu.
– Não, Henry,
é tarde para nós dois. Casei-me com Leopold e... – ela hesitou.
– Diga-me,
vida. Diga-me, meu amor.
– Elizabeth.
Tem Elizabeth. Ela o ama.
– Elizabeth
nos traiu. Ela armou para nós. Nunca a amei, sempre amei você, Izabele. Por
Deus! Eu me casaria com você se soubesse que estava grávida de um filho meu...
– Não basta,
Henry. Não basta! Se me amasse de verdade teria se casado comigo antes, de
qualquer jeito, fosse eu uma Douglas ou não. Você foi um fraco. Desculpe-me,
mas preciso lhe dizer isso. Você deixou que um ódio absurdo e irracional fosse
maior do que o nosso amor. Sim, creio que se arrependeu, mas fez sua escolha no
passado e toda escolha tem uma consequência. Hoje eu sou casada com outro
homem, você é casado com Margaret Neville, e, pelo que eu ouvir dizer, ela é
uma excelente mulher e lhe ama. Eu não tenho esse direto, Henry, por mais que
eu o ame. Você não imagina como sua proposta soa-me tentadora, mas eu não posso
aceitá-la. Há coisas que não passam pelo meu crivo da dignidade e essa é uma
delas. Sim, fizemos amor agora, pois o desejo foi maior que todas as minhas
forças, mas isso jamais voltará a acontecer.
– Não, amor,
perdoe-me. Não faça isso conosco. Eu a amo e sempre amei, sempre amarei.
– Não, Henry.
Você deseja-me, apenas isso.
– Não diga
isso, meu amor. Eu a amo mais que tudo neste mundo. Fiquei muito tempo na
Prússia à sua procura. Quando a filha de Baker finalmente escreveu dizendo que
estavam em Leipzig, fui imediatamente para lá apenas para lhe ver de longe.
Quase matei aquele maldito professor de música. Só não invadi a sua casa porque
Baker praticamente me amarrou, me dopou e me jogou no navio de volta. Nunca o odiei
tanto.
– Aquele
maldito professor de música salvou a minha honra. Coisa que você não fez.
– Perdoe-me,
Izabele. Você está tão amarga.
– O amor não
correspondido causa-nos amargura, Henry. Mas a ilusão também causa. Não posso
mais viver de ilusão. Amei-o, aliás, amo-o, jamais deixarei de amar, mas não
estragarei uma família, aliás, duas. Enterrei meus pais hoje. Morreram de
tristeza, de vergonha. Tenho uma irmã cortesã, que futuro este país me reserva?
Nenhum. Preciso ir. Meu lar agora é na Prússia.
– Maldita
Prússia! – bradou ele.
– Bendita
Prússia que me acolheu.
– Vou me
divorciar, amor – disse ele.
– Alegando o
quê?
Ele não
respondeu. Não tinha o que alegar. Ele sabia que era o fim, que sua fraqueza no
passado traçara o caminho do presente e do futuro. Que futuro teriam juntos?
Izabele seria exposta à sociedade mesquinha de Londres, sofreria e ele a amava
demais para vê-la sofrer.
– Amor, pense
apenas. Vou para a Índia a negócios. Ficarei lá alguns meses, anos, talvez.
Escreverei para Jessie. Quando decidir encontrar-me, escreva-me. Viverei com a
esperança de que um dia você decida perdoar-me e vá ao meu encontro. Prometa-me
que vai pensar.
Ela ficou
calada.
– Prometa-me,
Izabele. Por favor. Eu lhe imploro.
– Sim, Henry.
Eu prometo. Até porque, por mais que eu tente, a sua imagem jamais sai da minha
mente.
– Você também
está sempre em minha mente, meu amor. Sempre.
Beijaram-se
longamente com a promessa de deixarem que o destino decidisse por eles. Mas o
destino, às vezes, tem infausto humor, age com rigor e decreta um desfecho que
pode ser aquele o qual esperamos.
***
Vinte anos se
passaram e o oitavo conde de Northumberland foi acometido por uma febre
misteriosa que assolara toda a Índia matando centenas e mais centenas de
pessoas, pobres ou ricos, a febre não escolhia casta. À beira da morte,
desenganado pelos médicos ingleses que residiam em Calcutá, ele pareceu ouvir a
voz de Izabele na nova enfermeira: – Por que fala inglês agora se nunca falou
uma palavra sequer até hoje? – ele perguntou mal-humorado à mulher que cuidava
dele todos os dias. A voz não respondeu. Mas o som fizera com que se lembrasse
dela.
– Izabele! Por
que não veio? Esperei por você por todos esses malditos anos!
– Não, meu
amor. Desde o dia oito de outubro de 1828 estou
aqui à sua espera. Há dois anos anseio por falar com você, falava, mas havia um
obstáculo entre nós dois.
– Como
obstáculo? Por que não me chamou, gritou? Eu teria atendido. Você nunca saiu da
minha mente.
– Chamei,
chorei, gritei, mas estávamos em dimensões diferentes.
– Que raio de
dimensão está falando, Bele? Eu é que estou nesse país cheio de misticismo e
você que vem com essas bobagens?
– Não está
mais na Índia, amor. Olhe!
E ele olhou.
Os campos que se descortinavam à sua frente, com seus cumes brancos de neve,
não podiam ser na Índia. Ele reconheceu as montanhas da Escócia, os campos
salpicados de ovelhas, e seus olhos encheram de lágrimas.
– O que está
acontecendo, meu amor? É um sonho, não, não pode ser sonho. Vejo-a como a vi no
passado, jovem e linda. Eu estava muito doente, talvez eu tenha...
– Sim, meu
amor. Eu também o vejo como era em 1798 e 1799, jovem, cheio de vida. Agora
vamos recomeçar a nossa história. Agora nada nos separará, nem o ódio entre as
nossas famílias, nem sua mulher, nem meu esposo. Eles não existem aqui em nosso
céu.
– Céu? Eu sou
um dos mais pecadores da terra, meu amor. Como pode ser?
– Meu amor,
para mim o céu é aquilo que mais desejamos e para mim o céu sem você seria como
o inferno, como um castigo. Sempre imaginei que Deus nos daria um céu, cujos
nossos sonhos fossem realizados. Deus seria muito injusto se as pessoas que
sofreram na terra não tivessem a chance de serem felizes no céu. Olhe, lá está
um cavalo. Pegue-o e leve-me com você, como você fazia no passado. Há anos
anseio por este momento e agora será para sempre.
FIM
FUTUROS
LANÇAMENTOS:
Quando os Céus Conspiram
Inspirado na história
real de Charlotte Hayes (século XVII), uma linda
cortesã de um bordel londrino conhecido como “convento”, Quando os Céus Conspiramnarra
as histórias deAmy Hayes e o conde Filippo Raspail.
A
linda camponesaescapara de ser
estuprada por lorde Patchetts para dois anos depois ser violentada pelo
filho bêbado de um fazendeiro. Desonrada, ela se muda para Londres em busca de
trabalho. Mas Amy era bonita demais para ser empregada de uma dama.
Ninguém queria aquela ameaça em sua casa. Restara a ela, portanto, A
Casa das Damas, um conhecido bordel
londrino que mantinha carruagem e criados de libré para suas damas da
noite que eram ensinadas a se portarem como educadas ladies.Quando o visconde
de Beauchamp, um dos lordes mais terríveis de Londres, tornara seu protetor, Amy caíra em total desgraça.
Obrigada a ir com ele para Paris, num esquema de traição à Coroa Britânica, ela
é salva por um cavalheiro quando tentava se matar no rio Sena.
Filippo Raspail era um
nobre que, como Amy Hayes, tivera um passado tremendamente infeliz.Tudo que ele queria
era cumprir seus dias na terra para finalmente encontrar sua amada Juillet
no outro lado do desconhecido. Morta há mais de
20 anos, ele se enterrava com ela, pois a amargura o consumia dia após dia.
Quando os céus conspiraram a favor deles, Amy, que odiava todos os homens,
tivera que aprender que nem todos eles eram bestas, como ela os chamava, e
Raspail que a vida podia não ser tão lúgubre assim.
Comprada
por um Lorde
Como fazia todo verão, lorde Steve, o
conde dePonthieu,
passava uma temporadano medieval castelo do amigo Roger de Montgomery: o Arundel Castle.
O lorde gostava do condado de Arundel e simpatizava com as simples pessoas de
Sussex. Atéque viralorde Patchetts
tentar estuprar uma camponesa, a quem socorrera dando uns bons socos na cara do
maldito barão. Depois desse triste acontecimento ficara uns bons anos sem
aparecer em Arundel, pois não aceitava que Montgomery mantivesse
amizade com tão vil cavalheiro. Mas depois que soube da morte do barão voltou a
Sussex para descobrir que a moça de outrora tinha sido vendida pelo próprio pai
para uma casa de prostituição. Foi até a casa do camponês e soube que o maldito
homem estava prestes a negociar sua outra filha mais jovem, uma linda moça de
17 anos, e dar a ela o mesmo destino da filha cortesã. Foi quando ele resolveu
comprá-la.
ENCONTRE
A AUTORA
Chirlei Wandekoken é jornalista,
coordena a área editorial da Pedrazul Editora, a qual foi idealizadora
juntamente com seus sócios. É apaixonada pelos livros desde criança e,
atualmente, a sua preferência literária, além dos clássicos ingleses, são os
romances contemporâneos de época e os históricos. Além de A Estrangeira, o primeiro livro da série independente O Quarteto do Norte, é dela também os
demais livros da série: A Ama Inglesa,
Um Cocheiro em Paris e Fronteira da Paz. A autora possui mais
dois romances publicados, ambos contemporâneos, cujos enredos se passam no
Brasil: Por Trás da Escuridão e O Vento de Piedade.
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